Alcongosta

Conhecida, hoje, como terra de cerejas, conta-se que, em meados do século XX, metade dos habitantes da aldeia de Alcongosta eram cesteiros e, a outra metade, comerciantes de fruta.  A história de Alcongosta - nome derivado da palavra árabe ‘congosta’ que significa caminho estreito - é milenar, sendo ainda possível percorrer um troço de um caminho romano, que terá sido via de ligação entre o norte e o sul da serra da Gardunha.

Resguardada entre os montes da Gardunha e rodeada por linhas de água e vales férteis, Alcongosta cresceu próxima dos recursos que garantiam ao homem proteção e sustento. A situação geográfica garantia a segurança, os recursos naturais e a abundância de água permitiam o cultivo cíclico da terra, a colheita e armazenamento.

Parte da rede de Aldeias de Montanha da região Centro, em Alcongosta encontramos casas em granito, de arquitetura tradicional beirã, e algumas casas brasonadas. Do edificado religioso é de destacar a Igreja Matriz e as capelas de Santa Bárbara, de São Sebastião e do Espírito Santo. Alcongosta desenvolveu-se entre muros de pedra e socalcos de pomares, que delimitam propriedades e marcam os caminhos de acesso a vários “casais”. 

A tradição agrícola dos pomares mantém-se até aos nossos dias. Alcongosta guarda também o saber de transformar a matéria-prima dos soutos, que crescem na Gardunha, em escadas e cestos para a apanha de fruta. Grande parte dos pisos térreos das casas eram ocupados por oficinas de cesteiros e esparteiros. O esparto - uma espécie vegetal que cresce nas cotas mais elevadas da serra da Gardunha - era matéria-prima para a produção artesanal de ceiras, que serviam de filtros, essenciais ao funcionamento dos antigos lagares de azeite.

O engenho e a experiência, passados de geração em geração, e a aposta na produção de cereja em Alcongosta oferece-nos hoje uma paisagem marcada por pomares de cerejais e algumas manchas de soutos e carvalhais, que cobrem a serra da Gardunha, transformando-a a cada estação do ano.

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